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#020 | COMO O INSTAGRAM REVOLUCIONOU A PAQUERA [artigo]


Você está rolando o feed do Instagram despretenciosamente e, de repente, um 'coraçãozinho' surge nas notificações. Você abre, verifica a notificação e vê que se trata de alguém desconhecido, mas que mesmo assim sentiu-se motivado para curtir sua foto da viagem ao Rio, de 2017. Parabéns, acabaram de flertar contigo!

⠀⠀Quando falamos sobre redes sociais, é impossível não mencionar o Instagram. Desde o acréscimo dos stories à plataforma, no ano de 2016, vem apresentando novos panoramas ao universo virtual, especialmente no que diz respeito à paquera. Pode-se dizer que os stories se transformaram no novo Tinder, porém mais intuitivo, diga-se de passagem. A receita é simples: Agregue uma selfie aos stories, insira uma frase clichê qualquer e pronto, agora é só aguardar os reacts e mensagens no direct de pessoas aleatórias, muitas vezes desconhecidas. Com intenção, ou sem, BINGO, o flerte começou! Obviamente o mesmo não se restringe aos stories, podendo ir além, como likes despretenciosos em fotos antigas do pretendente [vide exemplo da citação em amarelo, logo acima].


⠀⠀Históricamente, o ato de frequentar bares, boates, ou eventos para conhecer novas pessoas era essencial ao jogo da conquista. A música, a bebida, a dança, o bate-papo faziam parte do pacote, criando o ambiente ideal para uma aproximação bem sucedida. Atualmente, sair de casa para conhecer pessoas - num primeiro momento - deixou de ser fundamental, devido as mídias sociais e a facilidade de diálogo que elas proporcionam. Para quê lidar com a ansiedade do flerte, ser ou não correspondido, se eu posso 'curtir' algumas fotos do - possível futuro - 'conje' [alô, Ministro da Justiça rs] e simplesmente aguardar? O sofrimento se torna consideravelmente menor, visto que, há uma máscara de proteção, que permite 'não dar a cara a tapa' caso a coisa não saia conforme planejado. Se isso acontecer, vida que segue.


⠀⠀De acordo com Mariana Palumbo, doutora em Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, as redes sociais surgiram em um bom momento, onde a agenda lotada e a rotina cotidiana raream encontros facilitando assim o contato. Além disso, devido a esta facilidade, acrescenta que, com a comodidade de ter acesso a tudo o que diz respeito a pessoa, perde-se a espontaneidade, pois não há surpresa em conhecer sobre hobbies, gostos e quantos/quais animais de estimação o pretendente tem, pois já estão expostos lá, no Instagram. Após a troca de mensagens e likes, surge a possibilidade do primeiro encontro, desde que morem próximos. Se tudo ocorrer bem, a possibilidade da troca permanecer é grande, fazendo valer o jogo de quem demonstra mais ou menos interesse, sendo aí que as questões relacionadas a ansiedade começam a se tornar mais evidentes. Cria-se uma expectativa silenciosa, onde a forma como a pessoa te enviará mensagem - isso se enviar - servirá como um termômetro sobre o primeiro encontro.





⠀⠀Tantas facilidades trazem prejuízos? A resposta é sim, e eles não se encerram na ansiedade pré-flerte. Segundo Joris Van Ouytsel, pesquisador no departamento de Estudos de Comunicação da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, publicou um estudo no ano de 2019 sobre a relação dos jovens com as novas formas de relacionamento virtual. Para ele, não há uma mudança de interesse no que diz respeito a compromissos duradouros, se comparado as gerações passadas, porém torna-se mais complexa a administração dos mesmos devido as novidades que a tecnologia oferece. Por exemplo: a necessidade de verificar o smartphone d@ parceir@, além disso, ter a senha do aparelho como prova de fidelidade no compromisso estabelecido. A normatização de tais atitudes encobre o caráter assediador e desrespeitoso que possuem. As redes sociais geram maior ansiedade e insegurança nos relacionamentos, causando desconfiança a partir dos 'likes', conversas e novos seguidores, algo que não era visto nas gerações passadas, pois não havia como seguir a trilha da outra pessoa. Hoje, com as novas tecnologias, temos a vida d@ parceir@ à mão.


⠀⠀São inegáveis os avanços que a tecnologia proporciona na sociedade, especialmente nas comunicações e relacionamentos interpessoais. Com todo esse avanço, cabe a compreensão do respeito ao próximo, do seu espaço enquanto cidadão, o que é atemporal. Não se pode evoluir nos meios tecnológicos dissociando do fator humano. Independente da forma de se relacionar, o respeito deve sempre estar presente. Em suma, podemos considerar que as redes sociais, especialmente o Instagram, modificaram completamente o jogo da conquista e, mesmo que os stories deixem de ser relevantes um dia, certamente outros meios surgirão para substituí-los ad infinitum, ou seja, não adianta agir como seus avós avessos à revolução tecnológica, pois a tendência é a intensificação da mesma.


⠀⠀Todavia, deixo um desafio, especialmente às novas gerações: que tal arriscar um flerte à moda antiga? Além de ser diferenciado, poderá aprender muito sobre si mesmo.

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Referências e indicações para leitura:


Como o Stories do Instagram Mudou o Xaveco pra Sempre: https://www.vice.com/pt_br/article/599mw3/stories-do-instagram-mudou-o-xaveco




Como as Emoções nas Redes Sociais nos Manipulam e Polarizam: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/22/tecnologia/1566480798_855818.html



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