#022 | TÔ NA FOSSA [poema]
- Jonathan Moreira
- 27 de mar. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2020

parasita em mim
uma fossa de sentimentalidades
um mergulho basta
ao núcleo da terra
as mazelas da vida
me mazelam
e os sentimentos
não me deixam ir além
não me dão o galho de fuga
desse abismo chamado eu.
eu luto para me agarrar às raízes
meus braços são curtos
diante das emoções que a pandemia me traz
eu resigno, mas atiço
antes podera não resignar
antes não me coubesse o atiçado
um ignorante sorridente
me caberia facilmente
se meu corpo não fosse tão grande
para uma veste tão pequena
e [in]justa
eu não sirvo pra sorrir
antes não sentir
antes ser um insensível
que um eterno preocupado social
mas isso não me cabe também
minha condição mínima
humana
não permite a desumanização
nado na minha fossa particular
melado de sentimentos
feito porra seca na pele
tô marcado e todos veem
o meu que é de mim
instaurado e subjugado
já me restringe o ser
quem sabe o existir...
quisera eu, antes de tudo
não sentir tanto assim.
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