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#014 | SÉPIA [poema]


Valinhos - SP, Brasil (2017)

"Transforma-se em laranja, sépia, mantra..."

Ao respirar inspiração

Me atento ao toque

Às edições passadas...

Tempos remotos

Doce gosto de beijo debaixo da língua


Ao sair,

O cheiro deixou rastro no ar

Dissipa aos poucos

Inspiro tudo, não posso deixar passar


A cada toque

Penso e estremeço...

Teu sorriso arqueiro

Aquele que me distorcia ao bater do cadeado

A cada novo desejo

Poderia ser a calça rasgada de flanela velha

A camiseta do Rolling Stones de ficar em casa

A temática não bastaria


Fragmentado encontra-se o Yin

Maquiado mantem-se o Yang

Que quase posso tocar

Eu fazia arte na tua língua

Tu me deixava ladrilhar.


Sinto sabor agridoce do céu

Tão azul, cinza, laranja

Cor de roxo predileto que eu gostei

Desbravei o céu de paraquedas

E o céu era grande demais

E eu poderia ter sobrevoado mais

Talvez, fui alto demais


Traçava um traço de nó nos teus braços

Tilintar dos dedos

Descompasso

Fiz sangue ordinário

Mais que gentilezas

Houve embaraço


Coisas que não fazem sentido

As abstrações sempre tem algo a dizer

Não são introvertidas, tímidas

Sequer caladas...

Fazem preferência ao diálogo direto

Sabem a quem se direcionar

Elas não se importam

Não há o que lamentar.


Sem lamentações

Eu dirijo n'onde não posso estar

Abro os olhos

Não há abril,

Não há senso do crítico

Do belo

Do ranço

Do débil

Apenas cores editadas

Sorrisos verdadeiros

Cor amarga,

Transforma-se em pôr-do-sol

Transforma-se em laranja

Sépia, mantra


Entre goles de cerveja nova

O escuro do quarto revela

Tons visíveis demais

Tem resto de vida

Nos quatro cantos.

Fragmentos de vida

Carrega cinza banhada à ouro

Bem datadas,

Providas de sentimentalidades


Não há o que se desfazer

Há muito de você nas lacunas

No anel de graveto fino

Feito num dia não muito bom

Um domingo comum

Ainda pendurado no criado mudo


Há tons demais para descrever

Reescrevo histórias pra boi dormir

De imagem

Não me sobra muito

Apenas o que consigo sentir...

À sépia do tempo

Eu ainda estou aqui.


À sépia,

Eu ainda estou aqui.

_________________



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