#019 | APRENDENDO A VOAR [poema]
- Jonathan Moreira
- 12 de fev. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2020

Girei
No sentido de contornar meus instintos
Extintos de sentido
Fogo privado
Extintor
Venho caminhando
Atravessando
Perna a perna
Com pés chatos
Unha desajeitada de dedos grandes
Recortando o limbo
Desses tais chamados
Gentes de desamor
O umbral de quem se foi
Costurando
Sejamos francos
A ferida outrora aberta
Está cicatrizando
Por que que cê costurou?
Pelos de dedos incertos
Espertos
Tamborilam com desdenhado interesse
Jeito danado
Quase enfeitado
De ser aceito
Já sendo rejeitado
O lado cômico do tal filme trágico
O som que se abre
Um caminho em desalinho
Traçado de gesto
Certa elegância
Recheada de marasmo e incertezas
Onde tudo vira dança
A melodia que invade
Permitindo visitas conscientes
De quem se foi de bom grado
Movimento involuntário
Permissividade
De ser quem se é
De fazer o que se quer
Dá liberdade
Quem voa com ela
Fica lindo
Na tristeza que passou
A beleza de ter permitido partir
É a mesma que faz sorrir
E aí
Vão surgindo esses contornos
Outrora tristes
Hoje, livres
Não calculados
Nada planejado
O traçado que vai ganhando aprumo
Já foi trepidado
Hoje é firme
Bem desenhado
Com a leve certeza
Destreza
Que o vento que passou
Foi o mesmo que destruiu
E o mesmo que levantou
Por tudo que passou
Eu deixo meu sorriso
E um singelo bilhete esquecido
Dizendo: "Gratidão".
_________________
Comentarios