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#019 | APRENDENDO A VOAR [poema]


Valinhos - SP, 2020

Girei

No sentido de contornar meus instintos

Extintos de sentido

Fogo privado

Extintor


Venho caminhando

Atravessando

Perna a perna

Com pés chatos

Unha desajeitada de dedos grandes

Recortando o limbo

Desses tais chamados

Gentes de desamor

O umbral de quem se foi


Costurando

Sejamos francos

A ferida outrora aberta

Está cicatrizando

Por que que cê costurou?


Pelos de dedos incertos

Espertos

Tamborilam com desdenhado interesse

Jeito danado

Quase enfeitado

De ser aceito

Já sendo rejeitado

O lado cômico do tal filme trágico


O som que se abre

Um caminho em desalinho

Traçado de gesto

Certa elegância

Recheada de marasmo e incertezas

Onde tudo vira dança


A melodia que invade

Permitindo visitas conscientes

De quem se foi de bom grado

Movimento involuntário

Permissividade

De ser quem se é

De fazer o que se quer


Dá liberdade

Quem voa com ela

Fica lindo

Na tristeza que passou

A beleza de ter permitido partir

É a mesma que faz sorrir


E aí

Vão surgindo esses contornos

Outrora tristes

Hoje, livres

Não calculados

Nada planejado

O traçado que vai ganhando aprumo

Já foi trepidado

Hoje é firme

Bem desenhado

Com a leve certeza

Destreza

Que o vento que passou

Foi o mesmo que destruiu

E o mesmo que levantou


Por tudo que passou

Eu deixo meu sorriso

E um singelo bilhete esquecido

Dizendo: "Gratidão".

_________________




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