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#47 | ESCRAVO DE JARDIM [poema]


SUPERIORIDADE EFÊMERA (Valinhos, 2019)

Você retornou

Voltou

Me ziguezagueando as entranhas


Agora é estranho

Incabível demais nesse teu lado desconexo


No perfume que evaporou

Tão longe, agora perto

Me ziguezagueando as narinas


Já não sou mais o mesmo

Você idem

Não há o que se foi

Nem o que se perdeu

...e ganhou


Feito jardineiro

Zelador

Ziguezagueio entre o pátio que restou

Em meio ao jardim do canto direito do prédio

Jardim florido de saudades

Memórias escoradas no canto da cerca

Cuido, aparo, rego... Observo.

Não me resta nada mais que isso

Um jardineiro e seu passado-jardim

Cuidando das flores

Esperando o beija-flor voltar

Com a certeza da negativa

Do nunca mais voltar

Ao jardineiro, alívio-agoniante

Às flores, o pesar inviolável da saudade asfixiada.

Dualidade necessária à vida.

_______________


(Jan/21)

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