#47 | ESCRAVO DE JARDIM [poema]
- Jonathan Moreira
- 14 de fev. de 2021
- 1 min de leitura

Você retornou
Voltou
Me ziguezagueando as entranhas
Agora é estranho
Incabível demais nesse teu lado desconexo
No perfume que evaporou
Tão longe, agora perto
Me ziguezagueando as narinas
Já não sou mais o mesmo
Você idem
Não há o que se foi
Nem o que se perdeu
...e ganhou
Feito jardineiro
Zelador
Ziguezagueio entre o pátio que restou
Em meio ao jardim do canto direito do prédio
Jardim florido de saudades
Memórias escoradas no canto da cerca
Cuido, aparo, rego... Observo.
Não me resta nada mais que isso
Um jardineiro e seu passado-jardim
Cuidando das flores
Esperando o beija-flor voltar
Com a certeza da negativa
Do nunca mais voltar
Ao jardineiro, alívio-agoniante
Às flores, o pesar inviolável da saudade asfixiada.
Dualidade necessária à vida.
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(Jan/21)
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