#46 | SESSÃO DE TERAPIA [poema]

DESESPERO (Jundiaí, 2019)

Me encaracolei

No meu imbróglio de emoções

Como seus dedos

Que percorrem meu corpo

Acariciando seus pelos

Enquanto me descamo em subjetividades

Você me objetiva

E tenso

Meu corpo vai

Resignado e submisso

Ao chão, feito o que não deve ser feito

Inútil, desprezo

Trajeto curto entre rios

Línguas e manguezais

Reato a compostura

Meus cacos

Subo as vestes

Escondo as vergonhas e marcas

De uma vida secreta

Me estanco da porta pra dentro

E volto pro centro

Para ser o mesmo homem

O homem mais influente da cidade

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(Jan/21)