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#45 | ZONA SERRANA [poema]


Serra (Itupeva, 2021)

Às vezes preciso escrever

Mas me cobro o silêncio

Para não enxergar a obviedade

A derradeira sina trágica da vida

Hoje é esse 'às vezes'

Assim como também estou cobrando o silêncio

Ele é caro, penoso

Inflacionado pra mim

Me cobro

Ao passo em que transbordo

Em mais palavras no Evernote

É o vento que bate

Brisa leve

É a árvore igual

Mas completamente diferente

Todas as folhas iguais

Todas as folhas divergentes

Resolvi usar meus pés

Para retornar pra casa

Cabeça cheia demais

Para um ônibus solitário demais

A gente fala 'cabeça'

Às vezes é o peito cheio mesmo

É uma estrada sinuosa

Daquelas de litoral

Que você vai, vai, vai

Apreensivo

Esperando aquela pressão nos ouvidos

Devido à altitude

E a gente vai, vai, vai

Sabendo o preço disso

Consciente da espiral

Do ralo de pia cheia

Caindo em Proporção Áurea

Pra sabe-se lá deus onde

É a brisa que bate

É o tempo que fecha

Decisivo

Lá fora...

Incisivo

Aqui dentro...

__________


(Fev/21)

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